5 de novembro de 2008

"KIND OF BLUE" ou a lenda do meio século!





Em 2 de Março do próximo ano, decorre meio século que o mais "evolutivo" de todos os grandes génios criadores da música popular afro-americana entrou em estúdio. Foi de 2/03 a 22/04/59. Falamos de Miles Davis, o solitário de sempre, o criador genial e fora de tempo, aplicando a regra que seria uma espécie de sexto sentido colectivo, mudando a seu belo prazer por quatro ou cinco vezes e nunca em definitivo, a história do jazz. Por cada ruptura, Miles criava história. E assim foi com "KIND OF BLUE". Nos meados da década de 50, Miles tinha tocado em Paris, conheceu Boris Vian e Juliette Gréco, gravou com os melhores jazzmen parisienses a banda sonora do filme de Louis Malle, - "Ascenseur pour l´échafaud " (Fim-de-semana no Ascensor) e julgava-se que o estado de graça ou o melhor da época clássica do músico, estava prestes a terminar. Era óbvio que se adivinhavam mudanças, daí que no retorno aos EUA tivesse optado por uma fase, onde o improviso era já uma constante. Seria um período no qual desejava fazer experiências, e para tal foram convidados os seguintes músicos: Winton Kelly e Bill Evans no piano; John Coltrane no sax tenor, Julian Cannonball Adderley, sax alto, Paul Chambers no contra baixo, Jymmy Cobb na bateria, e Miles Davis no trompete. A gravação do que viria a ser Kind of Blue traduziu-se na composição de uma série de esboços "modais" a partir dos quais cada músico, improvisaria dentro dos paramêtros indicados por Miles Davis. Foi desta forma quase de auto gestão, e liberdade criativa que sete magníficos gravaram temas como: So What, Freddie Freeloader, Blue In Green, e Flamenco Sketches. Foi o álbum que mais vendeu na vasta discografia de Miles Davis, foi também a maior referência de vendas no mundo do jazz, apesar de gravado num limite de tempo mínimo e em circunstâncias tão particulares. É caso para dizer: Comemora-mos cinquenta anos, de mais uma mudança na já vasta história do jazz. O protagonista seria uma vez mais, Miles Davis.