17 de janeiro de 2010

COISAS DE DOMINGO

Ian Rankin estreou-se como romancista, mas o sucesso chegou quando começou a escrever histórias de crime. Os livros mais vendidos deste autor nascido em 1960, na Escócia, têm como protagonista o inspector John Rebus, um polícia em atrito permanente com os seus superiores hierárquicos e considerado pelo seu criador uma espécie de alter ego dele próprio. Na obra presentemente em apreciação, Uma Questão de Sangue, Rebus, assessorado pela sua grande amiga Siobhan, também ela da polícia, demonstra mais uma vez que a rebeldia não o impede de ser um excelente detective. Neste livro, datado de 2003 e o décimo quarto de Ian Rankin, a personalidade sui generis do inspector policial é explicada por um passado violento nas forças armadas, o que permite ao autor dar largas à sua faceta anti-militarista: a intriga é pretexto para fortes críticas ao exército britânico, pela forma como treina as suas forças especiais, cujos membros são considerados assassinos em potência, “bombas que ninguém se lembra de desactivar”, quando regressam à vida civil. A história inspira-se, de algum modo, no massacre de Dunblane, acontecimento que traumatizou a Escócia, quando um antigo chefe de escuteiros, de 52 anos, matou 16 crianças de uma escola primária daquela nação britânica, a 13 de Março de 1996, suicidando-se a seguir. Uma questão de sangue começa também com um múltiplo homicídio numa escola, em Edimburgo, seguido do suicídio do criminoso, um ex-militar, cujos motivos John Rebus está decidido a desvendar. Para isso, tem que contar com a feroz oposição do exército, que tudo faz para manter secretos esses motivos. O desfecho é totalmente inesperado. Uma questão de sangue é um romance muito interessante a vários títulos, um dos quais a forma inteligente como o autor questiona o problema da violência nas sociedades actuais.
Fonte:LEITURA@GULBENKIAN